quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Pequenos do Brasil

Pequenos do Brasil


Quando bate a fome à tua porta

Quando o frio gela os ossos

Quando as crianças não tem onde brincar

Quando os homens se agrupam já sem dentes

A falar sobre o que poderiam ter feito

E já não tem mais tempo para tanto

E as mulheres se dividem entre o cuidar dos filhos

Delas, do mundo, dos vizinhos

Se enrolando em meio ao lixo acumulado

Trazido das mansões espalhadas pela cidade

Já não sabem se fazem ou deixaram de fazer

Quando os cães dormem em camas quentes

E as crianças dormem em chão molhado

Pois a chuva é tão densa quanto a que cai lá fora

Quando a cachaça que tomam esquenta os ossos

O corpo e a alma

Quando Deus é o único caminho

A única verdade

E a única alternativa para se ter alguns momentos de alegria

Quando uma caixa de papelão é o único cobertor que sobrou depois de uma longa caminhada

E os homens retardam a hora de ir dormir

Para relembrar dos tempos que ainda eram crianças e brincavam

Sem preocupações

É chegada a hora de se repensar o mundo

Se repensar a vida

Repetir uma oração que ouvimos há muito tempo atrás

Repartir o Pão, dividir o Vinho

Chega de palavras

É preciso ação

Ação de graças

Ação de amigos

Ação de solidariedade

Ação para soluções

Esquecer a desumanidade humana

Onde se defende os direitos dos animais

Da natureza

E se constroem mais condomínios

Para que os homens se distanciem ainda mais dos animais homens

Que vivem no lixo

Se protegendo da negrura da pobreza

Cruel e crua

Que bate à porta cada vez que colocamos o lixo na rua

Nos proteger dos bandidos e viciados crias da sociedade

Que criou e não quer saber

Não quer proteger

É chegada a hora da revolução

Mudar o mundo ou mudar de vida

Cuidar do meio ambiente e cuidar da Vida

Vida das crianças abandonadas

Não pelos pais

Mas pelo capitalismo

Que nos proporciona as oportunidades de crescer financeiramente

Às custas do extermínio de uma população não querida

Não vista

Não tolerada

Mal amada

Que nem documento tem

Mas que elege

Um hipócrita qualquer

Que na hora de chegar ao poder conhece todos os problemas da humanidade

E quando se elege

Desconhece até o local de seu nascimento

Bola pra frente Brasil

Nós que te amamos

Nós que lutamos por Ti

Nós que limpamos a sujeira dos escolhidos

Ainda estamos aqui

Mesmo sem moradia

Agasalhados pelo Tempo

E tão sem tempo

Lutando para sobreviver...

E existir.


Rosemari Fiuza MNLM - Tramandaí/RS

Sou Mulher

Sou Mulher


sou mulher
cheia de medos
segredos
desejos
anseios
vontades
amo demais
odeio demais
mulher assim meio criança
impetuosa
teimosa
desordeira
sorridente
carente
ausente as vezes
um anjo meio doido
que pratica boas ações
dança sem musica
canta sem melodia
doido doido
que ri e chora
ri quando quebra uma asa
chora quando uma criança sorri
assim meio louca
principalmente louca de amor