quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Silêncio

O som gritante atinge meu ser
Como faca de dois gumes
A me dilacerar
Contudo sinto-me livre
Com asas gigantescas a voar
No limite do horizonte sem limites
Descansando em nuvens amarelas e vermelhas
Comendo bolhas de brisas
Sopradas por anjos
Gordos e corados
Tocando guitarras sem cordas
Um som nítido e perfeito
Em um mundo particular...
Ouço o grito incessante
Na quietude da solidão
De pessoas inquietas
Que andam na contra-mão
A voz do silêncio perturba meu pensamento
Com seus sons
Rodopiando como borboletas coloridas
Por sobre o meu ser em preto e branco
Ora alegre e leve
Ora desesperado e ansioso
Não identifico o mundo lá fora
Não absorvo meu mundo aqui dentro
Entro em apatia completa
Ouvindo...
Com atenção...
O silencioso grito
Da solidão do meu coração.

Amanhecer

Talvez fôssemos um só
Quando não mais podíamos
Nos distanciar
E um só
Para deixarmos envolver
Na fragrância erótica
Sensual
Da música popular
Ao embalar
Em nuances suaves
Em notas altas
Doces melodias
No altar do noivo

Vestido de luz
Ao som do nosso
Amor
Talvez virássemos seres etéreos
Sonho real
Em um só lugar
Em um só grande prazer...
Grande prazer.

Situação Adversa

De repente
Situação adversa
Não desejamos
Afinal onde há alegria
Sonho
Certeza do amanhã
Ouvimos falar
E se escondeu a vontade
A esperança
Bem peto está
Mais peto
Imagina
Dentro de você
Dentro de você!
Riqueza é vida
Existir
Estar aqui
Você
Ser privilegiado
Fruto do amor de Deus
Sua imagem
Sua semelhança
Livre arbítrio
Fazer e acreditar
Filhos do amor
Próximo
Teu filho
Olhando a espera
Um sorriso
Cultivar amor
Reconciliação
Felicidade
Perto de Deus!


Estrada

Sigo
Sem ter para onde ir
Sem saber onde chegar
Sem como prosseguir
Sigo
Linha reta
Linha curva
Sem meta, sem pressa
Sigo
Por entre ondas flutuantes
Por entre palavras
Por entre braços aconchegantes
Sigo
Sem destino
Sem distância
Sem melodia, sem hino
Não sei onde estou
Não sei se vou ficar
Quero somente o silêncio
E ter para onde olhar
E amanhã
Devo retornar
Às origens
Do meu santo lugar...

Guardião do Universo


Asas rebeldes
De anjos derrotados
Sorrisos fáceis
De donzelas traídas
Pássaros ondulantes
Dos céus de anis
Flor de lis
Flutuando em mar revolto

Flor de lótus
Desalinhando a mente
Mãos elevadas
Zombando da gente
Pétalas que voam
Exalando odores
Horríveis sonhos
Pesadelos estimulantes
Sensível, diferente
Portanto, inexistente
Lábios mortos
Olhares ausentes
Salto alto
Salto fino
Sol a pino
Retarda a mente
Somos leigos
No sólido exército
De jovens soldados
Cuidadores do tempo.

Sei

Sei
Que talvez não entenda
Que talvez não saiba
Ou simplesmente
Não queira ver
Sei
Que hoje não é
Que ontem não foi
E que nunca será
Sei
Que o desejo aumenta
A cada instante
E o coração balança

A cada gesto, cada olhar
Sei
Que não existe amanhã
Quando não há o hoje
Quando não se vê
O sol brilhar
Sei...
Eu sei...
Onde o vento deve soprar...
Onde o sonho deve chegar...
Onde a lembrança pode estar...
Eu sei...

Umidade Relativa

Chove...
E o frio penetra meus ossos
E os olhos de fogo
Do Pai
Enviam faíscas

Por sobre o meu ser
Chove...
E o cálido silêncio
Da noite escura
Envolve meu pensar é com pesar
Que penso em você
Chove...
E o estranho sonar
Do mundo obscuro
De uma tempestade longínqua
Ressoa entre meu inquieto olhar
Chove...
Você não está
E suspenso no ar
Teu perfume
Assume
Um triste lembrar
Chove...
Tão frio
Tão úmido
Como teu toque
Como teu... beijar
Tão longe
Tal qual o teu estar...